Drª Juliana Tranjan faz uma série de indicações sobre melhores hábitos para quem deseja melhorar a saúde do coração.
Hábitos para a saúde do coração
O autocuidado vai muito além dos cuidados externos. É o que reforça a Drª Juliana Tranjan em entrevista. Segundo a especialista, os cuidados com o coração não podem ficar de fora do checklist para uma boa qualidade de vida. Ela informa que para se proteger de doenças cardiovasculares é essencial adotar alguns hábitos saudáveis.
A médica analisa um aumento da incidência de infarto, de doenças cardiovasculares nas mulheres pós-menopausa e nas pessoas mais jovens. “As mulheres, geralmente, estão tendo vidas muito estressantes, com carga horária de trabalho muito grande e chega em casa cuida de filho, casa. Elas costumam somar muitas atribuições e acabam não prestando atenção ou não dão a importância necessária a alguns sintomas.”, inicia.
As mulheres podem ter sintomas de infarto de forma atípica, de forma diferente dos homens. Em algumas situações, elas podem ter sintomas que mascaram o infarto. “Muitas vezes, na correria, cuidando de casa, dos filhos e do trabalho, ela subestima isso e não busca ajuda. E, muitas vezes, quando a gente faz um diagnóstico de uma doença cardíaca, já está em fase mais avançada”, alerta Juliana.
No pós-menopausa, as mulheres passam a ter o risco de doença cardiovascular equivalente ao risco dos homens, porque os hormônios femininos são protetores para a doença cardiovascular. “Nas mulheres que estão nessa fase da pós-menopausa, a quantidade desse hormônio cai. Então, ela passa a ter um risco semelhante ao do homem. Além disso, é muito comum as mulheres, principalmente mulheres mais jovens, terem doenças autoimunes, como o lúpus, que também pode estar relacionada à doença cardiovascular”, relaciona Tranjan.
Ansiedade e problemas do coração
Juliana faz um alerta sobre o aumento dos casos de ansiedade e casos de depressão, fatores que interferem na saúde do coração. “Eu recebo muito no consultório pacientes jovens, tanto homens como mulheres, com queixas de palpitações, coração acelerado, e quando a gente faz a investigação, avaliação cardiológica, a conclusão é que esses sintomas são realmente devidos à ansiedade”.
A especialista atribui os sintomas ao estilo de vida dos pacientes. “Isso se deve muito ao estilo de vida. É muita informação, tanto provinda de celular, como de TVs, carga horária de trabalho, alimentação inadequada, poucas horas de sono, sedentarismo, com isso vão aparecendo os sintomas de ansiedade. Então, nesses casos, costumo orientar que o paciente procure um especialista para tratar a ansiedade e depressão. Costumo reforçar a importância de realizar atividade física nestas situações.”, explica.
Como tratamento, o exercício físico é sempre recomendado. “Eu sempre falo que atividade física é tratamento, tanto para ansiedade como para depressão, além disso melhora a disposição, o humor, melhora dores no corpo, fortalece músculos, auxilia no controle da pressão arterial, entre outros inúmeros benefícios. É de fundamental importância realizar uma atividade física em associação ao tratamento medicamentoso.”, completa.
Diabetes e hipertensão
Juliana explica que diabetes e hipertensão, que são fatores de risco muito importantes para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Por isso é preciso ter cuidado redobrado. “Pessoas com diabetes e hipertensão, tem que fazer um controle muito adequado. Levar em consideração cuidados com a alimentação, restrição de sal, uso correto e regular da medicação e realizar atividade física. Além disso, cuidar do colesterol, que é outro fator de risco para doenças cardiovasculares, como infarto do miocardio”.
“Costumo orientar meus pacientes sobre a necessidade da mudança do estilo de vida. Não adianta fazer uma dieta muito restritiva durante um período e depois retornar aos hábitos nocivos que tinha antes. O ideal é manter hábitos saudáveis durante a vida toda. Essa é a melhor forma de prevenção das doenças, principalmente as que acometem o coração” garante.
Cuidados
Sono
Outro fator que quase não levamos em consideração, é a importância da qualidade de sono. A privação do sono pode precipitar diversas patologias, entre elas a hipertensão arterial e arritmias cardíacas.
“As pessoas que não tem um sono reparador, já acordam cansadas, ou as que roncam durante a noite, devem fazer investigação de apneia do sono”
Alimentação
Costumo orientar meus pacientes a ter uma boa alimentação, além da qualidade dos alimentos, manter os horários corretos das refeições, evitar “ pular refeiçoes”, sei que com a correria do dia-a-dia isso pode ser desafiador. O ideal é realizar 5 refeições ao longo do dia, ricas em frutas, verduras e proteínas. Evitar alimentos industrializados que são muito ricos em açúcar, sal e conservantes. Lembrando que as bebidas alcoólicas devem ser consumidas com moderação.
Atividade física
A especialista também aponta que o ideal é uma rotina de atividade física, no mínimo, três vezes por semana. “As pessoas me perguntam muito, doutora, qual atividade física eu posso fazer? Qual é a melhor? Em qual horário do dia é melhor fazer atividade física? E eu respondo: A que você quiser fazer, a que você se sentir bem fazendo, no horário do dia que melhor se adeque a sua rotina e ao seu estilo de vida. Pode ser vôlei, pode ser beach tennis, pode ser musculação, bicicleta, corrida, natação, cada um escolhe a atividade física que mais gosta. Lembrando a importância de associar musculação, para evitar perda de massa muscular com o avançar da idade, isso protege o paciente na senilidade.” finaliza.